Ronaldo, o Futebol e o Coronelismo Político
- Nando Brites
- 12 de mar.
- 2 min de leitura
Nos últimos dias, vimos Ronaldo Fenômeno ensaiar uma candidatura para a presidência da CBF, trazendo a esperança de renovação na gestão do futebol brasileiro. No entanto, sua desistência revelou um cenário que vai muito além do esporte: um sistema fechado, onde as federações estaduais, blindadas por décadas de alianças e interesses próprios, mantêm o poder sempre nas mesmas mãos.
O que aconteceu com Ronaldo não é novidade para quem acompanha a política brasileira. O coronelismo, uma prática que remonta ao período colonial, ainda sobrevive tanto na administração pública quanto no esporte. Assim como oligarquias políticas perpetuam mandatos através de dinastias familiares e acordos de bastidores, o futebol nacional segue refém de um modelo onde as decisões são tomadas por um seleto grupo que se protege mutuamente.

Quando a Mudança Encontra Barreiras
No futebol, as federações estaduais exercem um papel fundamental na escolha dos dirigentes da CBF. Ao longo dos anos, essa estrutura se tornou um escudo contra qualquer tentativa de mudança. Mesmo com propostas modernas e credibilidade internacional, Ronaldo percebeu que, sem o apoio dessas federações, sua candidatura era inviável.
O paralelo com a política é inevitável. Muitos gestores públicos bem-intencionados enfrentam o mesmo desafio ao tentar implementar mudanças reais. O sistema, muitas vezes, não favorece a renovação, mas sim a manutenção do status quo. A burocracia, as alianças e os interesses enraizados criam um ambiente onde qualquer tentativa de transformação encontra resistência.
O Brasil Precisa de Renovação – Dentro e Fora de Campo
Se queremos um futebol mais transparente, precisamos de regras mais democráticas, onde novas lideranças possam surgir sem que precisem fazer parte do mesmo círculo fechado de sempre. E o mesmo vale para a política: só com participação ativa da sociedade e mecanismos que garantam maior alternância de poder conseguiremos romper com práticas ultrapassadas.
A desistência de Ronaldo não é apenas um episódio isolado do esporte. É um alerta sobre como grandes estruturas de poder ainda funcionam no Brasil. E se nem um dos maiores jogadores da história conseguiu furar essa defesa, cabe a nós, como sociedade, encontrar maneiras de mudar esse jogo.
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